sexta-feira, 11 de junho de 2010

We’re all african

Do blog do Juca.



Por TIAGO DE SOUZA

A melhor da história! Essa foi a frase que repeti em cada minuto da Abertura da Copa do Mundo de 2010. E aqui, hei de tentar me explicar por que…
Realmente não tivemos o show de tecnologia e imagens visto desde a Copa da Itália em 1990. Também não vimos nada parecido com a demonstração de força vista na Olimpíada da China. Todos esses foram espetáculos belíssimos, até então sem precedentes. Até então…
Porque nunca seu povo foi tão real, sua nação foi tão palpável. Faltou todo o sentimento de milênios carregado pelo mutilado, esquecido e feliz povo africano. Faltou a carga de emoção real, faltou a aura de alegria verdadeira – e única- de um povo que até chega dar a impressão que deixa de lado qualquer sentimento de injustiça, para saudar o mundo que o renegou e agora vem até eles.
Sei que tudo aquilo faz parte de a lgo fantasioso criado para emocionar o público. E na maioria das vezes emociona mesmo assim. Mas não como dessa vez, onde autoridades aparecem de camiseta no palco dos Bafana Bafana’s, onde os problemas não são maquiados para o mundo ver – porque eles são reais – onde o líder é uma alma como Nelson Mandela, onde o mundo consagra o continente onde nós surgimos… impossível é não ser tocado de alguma maneira!
A Copa, pela fala de um prêmio Nobel, Desmond Tutu, de uma história irretocável, que fala em perdão sem esquecimento (entender realmente isso, chega a ser surreal), que fala em “we’re all africans” (e somos mesmo!), que foi calado durante décadas, que lutou não por um país SÓ negro, mas um país de todo seu povo, já valeu! Seu discurso – que mais pareceu uma ode à alegria – quebrou todos os preconceitos que vinha lendo numa das redes sociais mais acessadas do mundo. Emocionou quem questionava a qualidade musical de um povo que não busca mostrar ao mundo tecnologia, imponência, riqueza, pieguices, mas apenas a sua cultura, a sua maneira, sublime, de viver mesmo ao lado de uma infinidade de mazelas.
Então, quem lerá só esse parco relato pessoal, e emocionado, irá crer que não teve as breguices típicas desses eventos. O que não corresponde à verdade… porque teve sim, algumas delas (como uma Alicia Keys esquecendo que “pro mundo” é loira e com chapinha, como bem lembrou um amigo). Mas nunca um evento foi tão verdadeiro, deu tão sentido ao congraçamento que uma Copa significa. Nunca um evento esportivo chegou tão perto da utopia sonhada por um Barão de Coubertin, sempre só lembrado em Jogos Olímpicos, mas que tem muito a ver com a competição mundial do esporte mais praticado nesse mundo.
A África toda parece partilhar esse sentimento de receber o mundo. Respeitando proporções, tenho a sensação que deve ser a mesma de quando somos recebidos em pequenas casas no interior (especialmente de Minas Gerais). Casas reais, de pessoas reais, de um mundo real. Que tem prazer em receber qualquer um que chegue com uma boa conversa, uma boa vontade… mas, se nos desprendermos um pouco, e viajar nesse sentimento que o continente africano deixou no ar para quem tem um pouco de sensibilidade pescar, acho que a proporção deve ser esquecida nessa minha tosca comparação. Porque o sentimentos de estarmos em casa, no fundo, na alma, na essência, é real. Porque de lá viemos, é a nossa casa que nos joga na cara o orgulho em nos receber de volta, mesmo tendo renegado-a durante muito tempo, mesmo sabendo que voltaremos a renegá-la ao final da Copa.
Parafraseando Mário Quintana… “Não importa que a tenham demolido: A gente continua morando na velha casa em que nasceu.” We’re all african, sim.

Voltando.....

Depois de muito tempo sem realizar nenhuma postagem no blog volto a ativa. Não garanto que todo dia vc encontrará um texto novo, mas pretendo me fazer presente sempre que possível.