sábado, 21 de agosto de 2010

"Epitáfio"

Um amigo me mando esse vídeo, pediu que eu prestasse atenção à letra.

"Horário eleitoral - crítica"

Por Ale Rocha . 20.08.10 - 16h32

Terror eleitoral nada gratuito

De repente, o “TV Fama” extrapolou a RedeTV! e tomou de assalto todas as emissoras abertas com seu mau gosto e desfile de subcelebridades sem nada a dizer. A atração atende pelo nome de horário eleitoral gratuito.
Ex-jogadores de futebol, mulheres frutas, ex-BBBs, cantores sertanejos e humoristas são uma forma de elevar o quociente eleitoral e, assim, ampliar a presença de um partido nas bancadas federais e estaduais. Pela lei eleitoral, um candidato com alto índice de votos pode eleger outros não tão populares assim.
Frank Aguiar, Leci Brandão, Tiririca, Agnaldo Timóteo, Popó, os irmãos Kiko e Leandro do KLB, Vampeta, Ronaldo Ésper, Elimar Santos, Batoré, Mulher Melão, Mulher Pêra e tantos outros caem de paraquedas nas eleições e conseguem esvaziar ainda mais o propósito do horário eleitoral gratuito.
Como programa de televisão, são duas horas e dez minutos diários desperdiçados. A falta de conscientização do eleitor não se dá apenas por culpa do verniz do marketing político, que esconde as verdadeiras intenções e propostas dos candidatos e entrega apenas aquilo que os cidadãos desejam ver e ouvir.
O horário eleitoral gratuito não democratiza a informação, pois ela não existe. Quem em sã consciência escolhe um parlamentar a partir de discursos com segundos de duração? Diante da falta de conteúdo, a estratégia é apelar para o bizarro e o nonsense.
Não há nada de engraçado em ouvir o Tiririca afirmar que não sabe o que é ser um deputado federal, mas mesmo assim pedir seu voto, pois “pior que está não vai ficar”. Lamentável observar quem pega carona em famosos realmente célebres. Jingles de campanha assassinam clássicos como “Beat It”, de Michael Jackson, e “I Want to Break Free”, do Queen. Ninguém respeita ninguém.
Se antes de eleitos os candidatos preferem se expor a situações ridículas em vez de apresentar propostas concretas, imagine só como será o comportamento quando assumirem uma vaga no Legislativo.
Na era das celebridades instantâneas, tenho a sensação de que vale tudo para estar na televisão. Até mesmo fazer pouco caso da política e de um cargo público. A campanha eleitoral se aproxima cada vez mais dos reality shows. No caso do horário eleitoral gratuito, pouco importam os escassos segundos, já que ninguém parece ter algo relevante a dizer. O importante é aparecer em horário nobre em todas as emissoras abertas.
Aliás, vale ressaltar que de gratuito o horário eleitoral não tem nada. Nós pagamos a conta. O espaço em horário nobre é financiado pelos contribuintes. O governo pega os impostos que você paga e reembolsa as emissoras de rádio e televisão pela veiculação dos programas dos candidatos.
Segundo a revista “Istoé Dinheiro”, o subsídio será de R$ 851 milhões em 2010. É uma cifra quatro vezes maior do que em 2006 (R$ 190 milhões) e seis vezes mais do que em 2002 (R$ 121 milhões). Esses recursos são abatidos do Imposto de Renda a pagar das empresas de comunicação.
Enquanto isso, o governo federal investe apenas R$ 268 milhões em prevenção e repressão a criminalidade e R$ 621 milhões em alfabetização para jovens e adultos.
Em um reality show, você digita alguns números no telefone e paga o mico e o prêmio do Marcelo Dourado, do Kleber Bam Bam, do Dado Dolabella ou da Karina Bacchi. Na urna eletrônica, se não pensar, você aperta os botões e paga o pato pelos próximos quatro anos.

domingo, 15 de agosto de 2010

"Neonazismo 2"

"Neonazismo no Brasil".

Comuns na web, comunidades que expressam ódio a nordestinos são alvo da PF e do MP

Carlos Madeiro.

A propagação de comunidades na internet com mensagens de discriminação contra nordestinos está sendo questionada pelo Ministério Público de Pernambuco e investigada pela Polícia Federal. A polêmica sobre referências preconceituosas foi denunciada ao MP em junho, logo após as enchentes que atingiram as cidades de Alagoas e Pernambuco.
O pivô da revolta foi uma comunidade do Orkut intitulada “Odeio Nordestino”, que abriu tópicos para "lamentar a sobrevivência" das vítimas enchentes e manifestar temor por uma “nova invasão” de nordestinos a São Paulo. “Pessoal, com essas enchentes no Nordeste acho que os cabeçudos vão vir em massa pra SP. Vai ter mais lixo do que já tem aqui”, afirmou uma frequentadora da comunidade. “Seria bom se eles morressem na enchente, afinal nordestino é um animal que não sabe nadar”, disse outro.
Mas não são apenas ataques às vítimas das enchentes que são encontradas na internet. Numa rápida busca, é possível ver que existem vários sites e comunidades de supostos moradores do Sul e Sudeste do país com ataques a nordestinos.
Na comunidade "Lugar de nordestino é no Nordes", com 154 membros no Orkut, um dos tópicos de comentários diz que os "nordestinos estão prejudicando os paulistas". "Peço que os paulistas expulsem os nordestinos de nossas terras, pois além de roubarem nosso espaço, ainda tiram onda dos paulistas", afirma a usuária Patrícia. "Voltem para o rebanho de vcs (sic) carniça", escreve uma usuária.
Os exemplos discriminatórios não se restringem ao Orkut. “Essa comunidade é para todos os paulistas, paulistanos e sulistas que estão cansados de ver e ter que aceitar esses ‘forasteiros’ usurparem da nossa terra, trazendo costumes imundos, emporcalhando as cidades, aumentando a criminalidade e agindo como se essa terra fossem deles”, diz um trecho do site “Desabafo Brasil”, que sugere que os usuários ingressem em sites preconceituosos.
Outro exemplo está num texto intitulado “manifesto confederalista”. "Quantas vezes você, paulista, presenciou cenas de desrespeito praticado por migrantes? Invadirem espaços, agirem como se estivessem em sua terra. Imporem sua cultura e costumes à nossa vontade. Inundam nosso estado, exigem serviços, põem-se de 'vítimas', apagam nossa identidade. Assim somos desrespeitados", diz o texto de apresentação.
MP pede providências
Diante das denúncias apresentadas no período pós-enchentes, o MP decidiu investigar as pessoas que fazem parte destas comunidades. A denúncia original foi contra a comunidade “Odeio Nordestino”. “Essa comunidade não é de uma ou duas pessoas, mas sim são cerca de 400 pessoas. E nós constatamos ofensas, preconceito, racismo, formação de quadrilha. E esse comportamento, além de criminoso, é perigoso, pois incita violência”, afirmou o promotor José Lopes Filho, coordenador da área de crimes contra a ordem tributária do MP de Pernambuco.
Com a repercussão do caso no Estado, os moderadores da comunidade apagaram os comentários que atacavam as vítimas das enchentes e restringiram o acesso ao conteúdo – agora, para participar, é preciso ser aprovado.
Segundo o promotor, o MP-PE acionou o MP federal e o de São Paulo (suposta origem do crime) e deu entrada com uma notícia-crime na PF. Várias comunidades do Orkut foram denunciadas. "Todo o trabalho acontece em sigilo pela PF. Essas investigações são demoradas; às vezes leva meses. É preciso rastreamento, quebra de IP [endereço de identificação de um computador], até mesmo procedimentos internacionais. Eu estive com o relações públicas da PF na última semana e ele me informou que as investigações estavam de vento em popa", afirmou Lopes.
O promotor disse que conseguiu chegar ao IP dos usuários da comunidade. "Eles começaram a criar fakes [nome de usuário falso], mas nós conseguimos rastrear o IP dessas pessoas. Isso facilita identificar o usuário. É preciso pedir o horário GMT para sabermos exatamente de onde partiu os comentários. Todos os dados que conseguimos foram entregues à PF.”
Segundo o promotor, os integrantes das comunidades anunciaram até a posse de artefatos explosivos. “Essas comunidades podem ter vinculações com grupos neonazistas. Talvez essa análise desbarate até quadrilhas. Se identificados, essas pessoas podem ser condenadas por racismo, preconceito e, eventualmente, por formação de quadrilha e apologia ao crime”, informou.
Lopes ainda criticou a empresa Google, detentora do Orkut, que se recusaria a retirar do ar comunidades com conteúdo racista. "Eles se valem da lei norte-americana, da independência que possui por ser de outro país”, disse o promotor.
Comunidades de apoio
Depois da repercussão do ataque às vítimas das enchentes, muitas comunidades de apoio aos nordestinos foram criadas e outras, mais antigas, ganharam adeptos. A principal delas, intitulada “Orgulho de Ser Nordestino”, possui hoje mais de 133 mil membros, e tem vários comentários de pessoas que passaram por casos de discriminação.
Já outras comunidades foram criadas recentemente para criticar o preconceito de supostos moradores do Sul e Sudeste. Na comunidade “Eu odeio quem odeia nordestino”, por exemplo, muitos usuários pedem que os internautas denunciem as comunidades que expressam preconceito contra os moradores da região.