sexta-feira, 3 de julho de 2009

"Trecho do sermão do Pe. Antonio Vieira"


Quando estava me preparando para o vestibular da UEL, tive um excelente professor de literatura, Bira, cara culto, acessível, preocupado com seus alunos. E o Bira nos apresentou um trecho de um sermão do Pe. Antonio Vieira, o qual me lembro até hoje. Esses dias mandei um trecho desse texto a uma pessoa que estava (está) sofrendo dos males (!?) descritos neste sermão.

Cito um trecho, o que mais me chamou e chama a atenção até hoje.


"O primeiro remédio que dizíamos é o tempo. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos. Baste por todos os exemplos o do amor de Davi".
P. S.: Como dizia o Bira: "esse padre Vieira é fogo".

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