terça-feira, 4 de agosto de 2009

"Debater a violência é exercer a cidadania"


Nas últimas semanas, a cidade de Apucarana, tem sido “bombardeada” por discussões acerca da escalada da violência. O estopim desta polêmica se deu pelo ato criminoso ocorrido no interior da JL Informática e que acabou fazendo vítima seu proprietário João Luiz Zaghini. A partir deste fato iniciou-se um debate sobre o aumento da violência e a eficácia de manifestos exigindo soluções para este problema social.
Foi lançado um manifesto, encabeçado pelo jornal Tribuna do Norte, com o objetivo de cobrar das autoridades municipais e estaduais uma saída para este aumento gradativo da violência em nossa cidade. Esse manifesto foi bem aceito pela população, fato comprovado pelo grande número de pessoas que participaram deste ato. Instantaneamente, surgiram elogios e críticas a atuação do periódico. Alguns disseram que o manifesto possuía fins políticos e outros, acredito que a maioria, louvaram a atitude do jornal.
Números foram apresentados para contestar o “apelo” da população. O argumento utilizado foi que, a cidade de Apucarana, apresenta um baixo índice de criminalidade se comparada a outras cidades do mesmo porte, como por exemplo, a nossa vizinha Arapongas, ou seja, passa-se a idéia ou pelo menos a tentativa de se afirmar que iniciativas como esta, encampadas pelo jornal TN e pela população, são infrutíferas e alarmistas.
Não concordo com tal argumento. Um manifesto, liderado, por um periódico e quem tem o lastro de uma grande parcela da nossa sociedade, não pode ser ignorado e nem ser taxado como estéril. Entendo que manifestos, reivindicações, debates, propostas, que tenham como objetivo final buscar soluções a problemas sociais, são exemplos de cidadania. Segundo a professora Anita Schlesener, do departamento de filosofia da Federal do PR, "o exercício da cidadania não é apenas uma questão de aprendizagem, mas também de luta por condições dignas de vida, trabalho e educação. É preciso criar espaços de manifestação na sociedade civil, onde os interesses comuns possam ser defendidos e os indívíduos possam tomar consciência do papel que desempenham na sociedade".
Iniciativas, como esta, livre de vínculos políticos ou de rancores passados são, em meu entender, meios para que conflitos sociais da nossa comunidade sejam apresentados, debatidos e solucionados através do envolvimento da população, pois todos nós somos agentes históricos, ou seja, somos responsáveis pela sociedade em que vivemos. Se em comparação a outras cidades, Apucarana, apresenta um baixo índice de criminalidade, vamos debater e impedir que estes números cresçam no futuro.




*Carlos Rogério Chaves, é professor de História em Apucarana e mestrando na Universidade Estadual de Londrina.

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